– O coração da mulher merece atenção e cuidado. As doenças
cardiovasculares são responsáveis por 1/3 de todas as mortes de mulheres no
mundo, ultrapassando inclusive o câncer de mama. Segundo dados da
sociedade brasileira de cardiologia, a cada dez mortes por infarto, seis são
mulheres.
– Existe diferença entre o coração da mulher e do homem? Sim, o coração da
mulher é diferente do coração do homem. O coração da mulher é ligeiramente
menor, ou seja, pesa menos e ejeta menos sangue, já que a superfície
corpórea feminina também costuma ser menor do que a dos homens. A
circulação coronariana também é diferente, já que as artérias coronárias das
mulheres são mais estreitas que a dos homens, por influência dos hormônios
femininos, a pressão arterial das mulheres também tende a ser mais baixa (se
igualando a dos homens após a menopausa).
– De acordo com o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são a
principal causa de mortalidade entre as mulheres. E porque isto ocorre?
Existem uma série de fatores. Uma delas é o calibre das artérias coronárias
das mulheres que é mais estreito, desta forma as placas ateromatosas tendem
a promover obstrução mais grave nas mulheres.
Outro fator importante é a menopausa com a perda dos efeitos protetores do
estrogênio. Por isto após a menopausa, há o aumento das doenças
coronarianas nas mulheres.
Aliado a isto, a dupla rotina comum entre as mulheres é um dos fatores que
reflete no aumento das doenças cardiovasculares. Com pouco tempo
disponível e com tantas atividades a serem realizadas, é muito comum que
ocorra esse descuido com o coração por não adotar hábitos de vida saudável
como pratica de exercícios e alimentação equilibrada.
E os sintomas cardíacos são diferentes nas mulheres? Sim, as mulheres
podem ter sintomas diferentes e por isto estar alerta e ouvir o seu coração é
muito importante. Quando o assunto é infarto, dor no peito não é o único
sintoma. É bastante comum que as mulheres apresentem queixas diferentes
como náusea (enjoo), indigestão, dores nas costas, cansaço, queimação e
dores no estômago são alguns dos sintomas. Assim, muitas vezes, as
mulheres associem estas queixas a problemas gastrointestinais e não ao
coração.
– Quais são os cuidados de prevenção na mulher?
A maioria das doenças cardíacas estão associadas tanto ao envelhecimento
como ao estilo de vida que as mulheres levam. Histórico familiar, hipertensão
arterial, diabetes, aumento dos níveis de colesterol, tabagismo, sedentarismo e
obesidade merecem olhar atento e minucioso. Sendo assim, é necessário
manter a alimentação bem equilibrada junto da prática de exercícios de forma
regular. Ouça o seu coração e se cuide.
– Fato ou Fake: Mulher não tem problema de coração. Fake: as mulheres
também sofrem com doenças do coração. Por muito tempo, acreditou-se que
as mulheres não sofriam infarto e tinham menos incidência de doenças no
coração. Mas, os números não deixam dúvidas: estudos médicos apontam que
no Brasil uma a cada cinco mulheres tem risco de sofrer um infarto.
– Os estudos mostram que a probabilidade da mulher morrer de infarto é 50%
maior quando comparada aos homens.
– Nas mulheres as doenças do coração tendem a aparecer cerca de 10 anos
mais tarde do que nos homens. Isto ocorre por causa da proteção hormonal
estrogênica que as mulheres têm durante o período entre a menarca (1ª
menstruação) e a menopausa, que retarda a doença aterosclerótica. Essa
proteção desaparece se a mulher tiver uma menopausa precoce ou passar por
uma cirurgia, como uma ooforectomia (remoção cirúrgica de um ou ambos
ovários. As estatísticas mostram que há um aumento de 30% no número de
casos de infarto e cirurgias cardíacas em mulheres com mais de 50 anos, que
é quando chega a época da menopausa.
– Então antes da menopausa a mulher não precisa se preocupar? Não, as
mulheres mais novas não podem se descuidar. Quando a doença
cardiovascular ocorre em uma mulher jovem, (quando o estrogênio ainda está
ativo), ela será mais agressiva e acentuada. Em geral, a doença na mulher
mais jovem surge ou porque ela tem fatores genéticos que favorecem o
aparecimento da doença, ou tem fatores de risco tradicionais, como o
tabagismo, o uso de contraceptivos, hipertensão, diabetes ou colesterol
elevado. Por isto é importante que a mulher de todas as idades ouça o seu
coração.
– Será que a mulher ouve o seu coração? Uma pesquisa realizada pela
Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM) releva como as brasileiras
cuidam do coração.
* 80% tem historia de hipertensão na família
* 70% tem histórico de doença cardiovascular
* 70% já consultaram cardiologista ou clinico geral
* 70% vão ao ginecologista ao menos 1 x ao ano
* 70% acusam o trabalho como motivo de estresse
* 80% praticam atividade de lazer 1 a 2 x por semana
* 60% praticam atividade fisica 1 a 2 x por semana
* 55% fazem 4 ou mais refeições por dia
* 15% se declararam fumantes ou ex-fumantes
* 52% trabalham mais de 8h por dia fora da rotina dos trabalhos
domésticos
– Quais estudos ou descobertas mais impactaram a saúde das mulheres na
última década? Muitos estudos têm demonstrado fortes evidências de que a
história ginecológica e obstétrica de uma mulher pode ser indicador de riscos
cardiovasculares futuros. Este conhecimento permitirá a identificação precoce
dos riscos e o estabelecimento de estratégias de prevenção e intervenções
precoces.
– Fumar é a principal causa de ataques cardíacos que acontecem antes da
menopausa. É preciso levar essa mensagem a adolescentes e mulheres jovens
e lembrar que cigarros eletrônicos, nargelé também não são legais para a
saúde.