A LOUCA DA CASA
Rosa Montero, Ediouro, 195 páginas
Rosa Montero é uma jornalista espanhola que ficou mais conhecida pelos brasileiros após participar da FLIP (Festa Literária de Paraty) há alguns anos atrás. Seu livro mais conhecido no Brasil é “A louca da casa”, mistura de romance, ensaio e autobiografia e que recebeu de Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura a seguinte resenha: “A Louca da Casa se lê, do princípio ao fim, num puro movimento de prazer”.
O livro trata de fantasias, sonhos, medos, dúvidas, do papel do escritor e do papel da narrativa como uma necessidade do ser humano e como nossa possibilidade de nos reinventarmos para além da burocracia do dia a dia. O início do livro: “Sempre pensei que a narrativa é a arte primordial dos seres humanos. Para ser, temos que nos narrar, e nessa conversa sobre nós, há muitíssima conversa fiada: nós nos mentimos, nos imaginamos, nos enganamos. . . nós inventamos nossas lembranças, o que é o mesmo que dizer que inventamos a nós mesmos, porque nossa identidade reside na memória, no relato da nossa biografia. Portanto, poderíamos deduzir que os seres humanos são, acima de tudo, romancistas, autores de um romance único cuja escrita dura toda a existência e no qual assumimos o papel de protagonistas… a gente escreve o tempo todo”. A importância de construção dessa narrativa pessoal, própria, é o que tem sido bastante explorado em estudos atuais sobre “Narrativas Médicas” , que apontam a necessidade do paciente ser capaz de construir uma narrativa própria sua e de sua doença – o que talvez não esteja sendo possível em uma medicina tão tecnológica mas talvez não tão competente.
A leitura de “A louca da casa” é ágil e divertida e pode estimular a leitura de outros livros dessa jornalista espanhola, que em 1978 ganhou o Prêmio Mundo de entrevistas.
Obs: se houver alguma dificuldade em conseguir esse livro nas livrarias, sempre vale a pena tentar o site estantevirtal.com.br
Por Dra. Ana Mallet,
Cardiologista