A obesidade acomete 300 milhões de pessoas no mundo, com uma tendência ao aumento na maioria dos países (WHO, 2014). Sua ocorrência está associada ao desenvolvimento de enfermidades como o diabetes, doenças coronarianas, derrame, entre outras (Eckersley, 2001). A base do tratamento é multidisciplinar pois visa: perda de peso, melhora de parâmetros clínicos e mudanças de hábitos associados à alimentação inadequada.
Visto que a perda de 3-5% do peso total do individuo reduz significativamente o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes (Kushner, Ryan, 2014), esta deve ser uma meta a ser conquistada no tratamento. A busca pela perda de peso pode ser iniciada por diferentes profissionais de saúde. Nutricionistas, Endocrinologistas, profissionais de Educação Física, Psiquiatras e Psicólogos podem estar envolvidos neste processo. Protocolos de tratamento da obesidade mostram que a modificação da alimentação, atividade física e terapia comportamental podem se eficazes para redução e manutenção de perda de peso (North American Association for the Study of Obesity; National Heart, Lung, and Blood Institute; National Institutes of Health (US); NHLBI Obesity Education Initiative).
O ponto de partida deve relacionar-se à avaliação de parâmetros clínicos associados obesidade. Estes p.ex. permitirão detectar à adequação do estado de saúde para o uso de medicação, prática de exercícios físicos e dieta. A farmacoterapia, aprovada para tratamento a longo prazo, pode ser útil para o tratamento da obesidade, principalmente se as mudanças nos hábitos de vida não produzem perda de peso após seis meses. No entanto, esta deve ser utilizada em conjunto com a dieta, atividade física e terapia comportamental (North American Association for the Study of Obesity; National Heart, Lung, and Blood Institute; National Institutes of Health (US); NHLBI Obesity Education Initiative).
O tratamento psicológico associado à melhora da adesão ao tratamento é o cognitivo-comportamental. Este visa à avaliação de pensamentos negativos associados aos maus hábitos de vida e ao ganho de peso. P.ex. pensamentos tipo “tudo-ou-nada”, que preconizam comer muito ou não comer nada, fazer bastante exercícios físico ou ser sedentário, são alguns exemplos de crenças encontradas em pessoas com sobrepeso (Beck, 2008). As sessões psicoterápicas serão voltadas para melhora desta forma de pensar, além da identificação de fatores individuais e familiares que possam estar associados ao ganho de peso.
As orientações nutricionais são obviamente, uma parte essencial do tratamento pois direcionam as escolhas alimentares. Comumente os pacientes consomem alimentos inadequados para manutenção de bons parâmetros clínicos e perda de peso. Uma reavaliação completa dos hábitos nutricionais e planejamento de um plano alimentar compatível com o cotidiano do paciente e sua preferência são algumas das estratégias utilizadas neste estágio do tratamento (Kushner, Ryan, 2014). A redução calórica deve atingir 500-1000 kcal a menos do que consumidas por dia, no entanto dietas restritivas (< 800kcal/dia) devem ser apenas utilizadas quando há uma supervisão medica intensa e quando estritamente necessária. Em geral, dietas entre 1000kcal-1200kcal para mulheres e 1200kcal-1600kcal para homens são recomendadas. (North American Association for the Study of Obesity; National Heart, Lung, and Blood Institute; National Institutes of Health (US); NHLBI Obesity Education Initiative).
A atividade física é considerada parte integral da perda e manutenção do peso. Estudos identificam que pacientes obesos tendem a obter melhora significativa de índices clínicos com a pratica regular de exercícios físico moderado. Existem atualmente alguns protocolos de recomendação para exército físico com obesos. De forma geral, inicialmente, níveis moderados de exercício aeróbico cinco vezes por semana são encorajados. Os treinamentos em resistência devem estimular a maior parte dos grupos musculares e devem ser individualizados.
Muitos são os desafios no tratamento da obesidade, no entanto, uma equipe composta por vários profissionais com um treinamento adequado pode proporcionar alterações significativas no seguimento da doença, proporcionando melhora de parâmetros clínicos e qualidade de vida ao paciente.
Este tema será abordado em uma mesa redonda na Jornada de Psicologia em Cardiologia que ocorrerá durante o Congresso da SOCERJ deste ano. Participe!
Referencias
World Health Organization: Obesity and overweight. Geneva (Switzerland);
2014. Available: www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/ (accessed 2014
Sept. 17).
Eckersley RM. Losing the battle of the bulge: causes and consequences of
increasing obesity. Med J Aust 2001;174:590-2.
Beck J. Pense magro: treine seu cérebro a pensar como uma pessoa magra A dieta definitiva de Beck Judith Beck. Porto Alegre, Artmed, 2008
Kushner RF, Ryan DH. Assessment and lifestyle management of patients with obesity: clinical recommendations from systematic reviews. JAMA. 2014;312:943–952
North American Association for the Study of Obesity; National Heart, Lung, and Blood Institute; National Institutes of Health (US); NHLBI Obesity Education Initiative. The practical guide: identification, evaluation, and treatment of overweight and obesity in adults. Bethesda: National Institutes of Health, National Heart, Lung, and Blood Institute, NHLBI Obesity Education Initiative, North American Association for the Study of Obesity; 2000.
Por Michelle N. Levitan