Estudos demonstram os benefícios do amor para a saúde do coração
Pesquisas afirmam que amor e relacionamento estável diminuem riscos para o sistema cardiovascular
Quem não quer viver um grande amor? Como estamos no mês do Dia dos Namorados, quem ainda não achou a cara metade costuma sentir ainda mais vontade de encontrar seu par para não passar a data desacompanhado. Mas, longe de ser apenas resultado da dificuldade de lidar com a solidão, a busca pelo amor pode ser um recurso de sobrevivência da espécie humana. Pelo menos, é o que diversas pesquisas pelo mundo vêm indicando nos últimos anos. Para a presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de janeiro – (SOCERJ), Gláucia Maria Moraes, ter uma vida amorosa bem resolvida e um relacionamento estável podem contribuir de forma significativa para a saúde do coração.
– Em primeiro lugar, indivíduos que apresentam sentimentos positivos, como otimismo, sentimento de bem-estar e felicidade têm menor mortalidade e morbidade cardiovascular. Da mesma forma a depressão está fortemente relacionada com pior mortalidade e incidência de doenças cardiovasculares. Parece que estes indivíduos têm maior capacidade de aderir aos hábitos saudáveis com diminuição, inclusive, dos biomarcadores inflamatórios.
Naturalmente, as relações entre saúde do coração e o amor podem ser melhores observadas em pessoas mais velhas. Segundo um estudo realizado pelo Hamad Medical Corporation – Heart Hospital, de Boston, nos EUA e divulgado na revista Clinical Investigation, homens e mulheres viúvos ou solteiros acima dos 60 anos possuem grave risco de passarem por algum problema cardíaco. A pesquisa também aponta que os casados, ou em relação estável, se recuperam até três vezes mais rápido do que os solteiros ou viúvos. Outro dado interessante é que, mesmo em pessoas mais jovens, ter um relacionamento estável leva homens e mulheres a adotarem hábitos mais saudáveis. Entre os homens solteiros a probabilidade de tabagismo é 16% maior.
As pesquisas indicam que muito dessa ligação entre saúde do coração e relacionamento está relacionada com a solidão. Pessoas solitárias possuem maior tendência à depressão e a outros transtornos psicológicos. “A depressão e a ansiedade diminuem a modulação cardíaca vagal e promovem uma atividade procoagulante aumentada, podendo gerar morte súbita em indivíduos propensos, por causar arritmias malignas e infarto.” complementa a médica.
Outra pesquisa segue o mesmo caminho e reforça os benefícios da relação a dois. Realizada pela Universidade Católica de Brasília, o trabalho mostrou que homens com mais de 60 anos e solteiros possuem risco de 61% a mais de morrerem do que os casados. Para as mulheres, as viúvas possuem probabilidade 82% maior de morrerem e as solteiras 35%, se comparadas com as casadas ou em relacionamento estável. De acordo com o levantamento, um dos fatores pode ser o de que pessoas em um relacionamento estável teriam uma saúde melhor, já que o apoio do parceiro é fundamental para garantir bons hábitos de vida e reduzir as chances de sofrer problemas cardiovasculares.
A cardiologista ressalta ainda que não é somente o amor e a relação estável que possuem efeitos benéficos para o coração. A atividade sexual regular traz uma série de benefícios, como redução dos riscos de doenças cardíacas, alivia o estresse, melhora o sistema imunológico e ainda colabora no combate a infecções. Mas deve-se ficar atento. “A questão não é só o sexo, pois a relação não desenvolvida com um parceiro fixo, na maioria das vezes extraconjugal, não é boa para o coração porque pode favorecer eventos isquêmicos”.